Todos a Bordo, texto complementar: Discipulado

E segue abaixo o texto complemento sobre Discipulado, conforme o livro Todos a Bordo desse ano!


Leia mais...
Discipulado: Uma questão de relacionamentos

Introdução:
O novo cristão, necessita de um apoio, assistência e orientação para o crescimento da sua vida espiritual. Se ele não conviver com pessoas que professam a mesma fé, não participar do grupo ao qual está pertencendo, a probabilidade de crescimento e aprendizagem do novo estilo de vida será reduzida consideravelmente.
Por isto, é bastante comum na Bíblia a utilização de verbos como “gerar”, “nascer”, “crescer”, “amadurecer” e substantivos como: “filho”, “pai”, “criança”, todos se referindo ao desenvolvimento da vida espiritual. Leia Jo. 1:12; I Co.3:1-2; Ef.4:13,14; Hb.5:12-14 e IJo.2:1,12,18,28). Para uma compreensão mais precisa do significado de Discipulado, estas metáforas devem ser assimiladas.

Discípulo:
A Bíblia é um livro que fala de relacionamentos de Deus com os homens, dos homens com Deus e entre os homens. É com este objetivo que surge a necessidade do Discipulado. Etimologicamente, o significado da palavra discípulo, é “aluno” ou “aprendiz”. Da palavra discípulo, considerando o contexto do Evangelho, chegamos ao termo Discipulado, que pode ser considerado o relacionamento entre um mestre e seu discípulo, com base no modelo de Cristo, de forma que esses discípulos se transformem em mestres para outros discípulos, sem quebrar esta cadeia. Por sinal, esta é a compreensão do apóstolo Paulo, quando escreveu a Timóteo: “(...)E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos, para instruir a outros.” (II Tm.2:2). 

Como se faz o discipulado:
Para obter crescimento espiritual, o cristão deve passar por um processo de aprendizado, que deverá levá-lo à medida da estatura de Cristo. Este processo é ensinado a nós por Paulo, que escreve aos seus discípulos: “... advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.” (Cl.1:28). Convém observarmos que ser “perfeito em Cristo” aqui relatado, pode ser entendido como “maturidade cristã”, que deve ser reproduzido na vida de outros.
Para reforçar a metáfora do crescimento de uma criança, temos a nítida impressão que o discipulado tem as características de um relacionamento de pai para filho. Vejamos como Paulo se refere em I Co.4:15, em Gl.4:19 e em I Tm.1:1,2, por exemplo. Não temos dúvidas que um relacionamento destes, pode garantir uma geração de crentes maduros, fortalecidos na fé, defensores da fé que abraçaram e que muito cedo têm condições de multiplicarem os conhecimentos obtidos e frutificarem, conforme podemos observar em I Co.3:1-3.

Onde se faz discipulado:
O discipulado pode ser executado em qualquer lugar, em qualquer situação, pois é um relacionamento entre o discípulo e seu mestre. De forma geral, depende das condições e possibilidades de ambos as partes. As ações de relacionamento pessoal tendo em vista o discipulado, podem ser realizadas nas casas, em horários vagos no local de trabalho, em encontros específicos, reuniões informais, etc

O que se ensina e se aprende no discipulado:
O objetivo central do discipulado é mostrar o modelo de Cristo ao novo cristão ou ao mais jovem ou menos experiente. Convém lembrar-se dos relacionamentos de discipulados entre Moisés e Josué, entre Elias e Eliseu, entre Noemi e Rute, entre Isabel e Maria ou entre Paulo e Timóteo, para entender que nem sempre o discípulo é um neófito. Às vezes necessita apenas da experiência e da orientação do mais experimentado.
Uma das primeiras coisas que um discipulador ensina é orar. É uma grande emoção, quando o novo cristão percebe que pode falar com Deus diretamente e, se bem ensinado, compreenderá que estará sendo ouvido e atendido pelo Senhor. Neste momento, ensina-se a proferir orações curtas e simples. Muito provavelmente, a alguns novos cristãos seja necessário orientar-lhes a orar pelas refeições, ao despertar, ao deitar-se, diante dos problemas da vida e em outras situações específicas.
Também dizer-lhes a respeito da divisão da bíblia em Antigo e Novo Testamento, em livros, capítulos e versículos. Algo que faz muito bem ao discípulo é aprender onde estão os evangelhos, os milagres de Jesus, as parábolas e os seus ensinos.
Para a nova vida do discípulo, os temas mais trabalhados são relacionados a arrependimento, restauração, perdão e santificação, por exemplo. O discípulo em seus primeiros passos necessita saber também sobre a atuação do Espírito Santo na vida do crente, nos atraindo para Cristo, nos dando a fé para crescer, dando o desejo de conhecer cada dia mais a Deus, intercedendo por nós, dando os dons para usarmos na Obra. Outros temas e assuntos podem ser discutidos no discipulado e serão aplicados conforme a necessidade do discípulo. 

O que a Bíblia diz sobre Discipulado:
O discipulado é uma prática recomendada pela Bíblia em várias situações. Jesus, nosso modelo, treinou as pessoas de forma exemplar. Ele "designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar" (Mc.3:14). Esta estratégia revela que o discipulador deve considerar duas etapas importantes no treinamento de um discípulo: primeiro, tratar o caráter dos discípulos, ensiná-los a fazer a Obra e na segunda etapa, enviá-los a praticar o que aprenderam, isto é, fazer novos discípulos.
Observemos que a presença do mestre na vida do discípulo é muito importante e Jesus os queria junto dele, para que vissem como ele agia (O que temos visto e ouvido” (At 4.19,20)). Depois, a responsabilidade do mestre em enviar a fazer o mesmo. "Todo aquele que for bem instruído será como o seu mestre" (Lc 6:40).
É importante também observar que o apóstolo Paulo, nos seus primeiros dias de cristão teve seus discipuladores. Em Atos 9:17, diz que Ananias, enviado por Jesus, deu-lhe palavras de ânimo e orou por ele. Os capítulos 9 a 13 de Atos, relatam que Barnabé cuidou de Paulo em seus primeiros anos de cristão, defendendo-o, envolvendo-o no seu ministério e formando equipe com ele.
O próprio Paulo, de tão bem treinado, transformou-se em um mestre, tendo acompanhado os novos cristãos em seu crescimento, com palavras afetuosas, mas também com exortações (I Ts. 2:8-11; 3:10; Cl 1:28).
Conclusão:
A tarefa de discipular não é fácil. No entanto, somos ensinados pelo Senhor que deveremos aceitar essa missão e o Espírito Santo não nos deixará sós. Ele vai transformando os discípulos, conforme a Sua vontade
O discipulador tem grande responsabilidade, mas não deve esquecer que não deve querer fazer o papel do Espírito Santo na vida do discípulo. Deve levá-lo a ter um relacionamento cada vez mais intimo com Deus, ser mais dependente dele e aprender a ouvir a voz do Espírito Santo (Lc.22:24-27).
A maior alegria do mestre ao realizar um processo de discipulado é saber que o seu trabalho será multiplicado e os seus discípulos farão outros. O Salmo 126:5-6 diz: “Os que semeiam em lágrimas com jubilo ceifarão. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos”. Fazemos parte de um processo que visa expandir o Reino de Deus.

Extraído e adaptado de José Arimatés de Oliveira
(doutor em Administração, professor universitário, membro de igreja cristã em Natal –RN)